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Café: muito mais que um estimulante

  • Dra. Renata Bolzan
  • 21 de jul. de 2017
  • 7 min de leitura

O cafeeiro (Coffea sp.) é um arbusto da família Rubiaceae e do gênero Coffea L., da qual se conhecem 103 espécies. Destas, se colhem as sementes, com as quais se prepara a bebida estimulante conhecida como café. O cafeeiro é largamente cultivado em países tropicais, tanto para consumo próprio como para exportação para países de clima temperado. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, seguido pelo Vietnã e a Colômbia.

Considera-se que o cafeeiro seja originário da Etiópia, onde ainda hoje ocorre in natura. A partir do século VI, a planta do café começou a ser cultivada no Iêmen, onde seus frutos eram consumidos in natura. A partir do século XVI, na região do atual Irã, os grãos de café começaram a ser torrados, dando origem à atual bebida do café. No século XVII, os neerlandeses começaram a plantar mudas de café em Amsterdã e em Java. Daí, o cultivo de café se espalhou pelas colônias europeias ao redor do mundo.


O café tem quatro espécies: Coffea arabica, Coffea canephora, Coffea liberica e Coffea racemosa. Coffea arabica é uma espécie de café natural da Etiópia, supostamente uma das primeiras espécies de café a ser cultivada. A espécie Coffea arabica produz cafés de qualidade, finos e requintados, e possui aroma intenso e os mais diversos sabores, com inúmeras variações de corpo e acidez. O café tradicional é composto por esta plant; Coffea canephora (Café Robusta; sin. Coffea robusta) é uma espécie de café originária da África Ocidental. É cultivado principalmente na África e no Brasil onde é chamado às vezes de Conillon. É também cultivado no Sudeste asiático onde os colonizadores franceses o introduziram no final do séc. XIX. Nos últimos anos o Vietname, que produz apenas robusta, ultrapassou o Brasil, a Índia e a Indonésia como o maior exportador do mundo. Aproximadamente um terço do café produzido no mundo é robusta; Coffea Liberica é uma espécie de café que se originou na Libéria, África Ocidental. A árvore de café cresce até 9 metros de altura. O café foi levado para a Indonésia para substituir as árvores arábica mortos pela doença da ferrugem no final do século XIX. Ele ainda é encontrado em partes da Europa Central e a Leste de Java hoje, e a espécie Coffea racemosa, conhecida por "café-racemosa" ou" café-de-inhambane", distingue-se por ser um arbusto ou pequena árvore muito ramosa. As folhas são ovado-lanceoladas, caducas ou marceronsas. As flores axilares são solitárias. O limbo da corola possui seis ou nove segmentos. Os estames são isómeros. O fruto subglaboso é vermelho. As sementes são mais pequenas e muito desiguais. É originária da África oriental.


COMPOSIÇÃO QUÍMICA

A composição química do grão de café é bastante complexa. Durante o processo de torrefação ocorrem, ainda, diversas reações químicas, através das quais se degradam e/ou formam inúmeros compostos. Estima-se que o grão do café torrado possua mais de 2.000 compostos químicos alguns destes com atividades biológicas conhecidas (benéficas ou adversas). Deste modo, os efeitos do consumo de café irá depender da qualidade e quantidade dos compostos químicos ingeridos, estando o consumo moderado normalmente descrito como a ingestão de 3 a 5 doses diárias de café (aproximadamente 150-300 mg de cafeína/dia).

Quimicamente, as espécies diferenciam-se pelo seu teor em diversos componentes. cafeína (o dobro no café robusta), minerais, compostos fenólicos, trigonelina, aminoácidos, aminas biogênicas, diterpenos, ácidos graxos, esterois, entre outros.

Outro fator que influencia na composição química do café, é o tipo de processamento que os grão verdes são submetidos (via seca, úmida ou mista, descafeinização), o grau da torra e de moagem, assim como o método de preparação da bebida (filtro, expresso, cafeteira, fervido, etc).


CAFEÍNA

A cafeína é o principal componente e a primeira substância química identificada no café, em 1820, na Alemanha, por Ferdinand Runge. E nenhuma outra substância foi mais estudada desde então, em toda a história da medicina.

Apesar de quase dois séculos de críticas, pesquisas recentes mostram que as afirmações de que o consumo de cafeína – ainda que em quantidade moderada – é prejudicial à saúde humana, são total e completamente infundadas. Além disso, não existem evidências científicas da associação dessa cafeína com cardiopatias, úlceras e diversos tipos de câncer, como outrora se afirmava (Lima, 2001). E mais importante, o café não é formado apenas por cafeína.

A cafeína é um composto químico de fórmula C8H10N4O2 — classificado como alcaloide do grupo das xantinas e designado quimicamente como 1,3,7-trimetilxantina. É encontrado em certas plantas e usado para o consumo em bebidas, na forma de infusão, como estimulante. A cafeína apresenta-se sob a forma de um pó branco ou pequenas agulhas, que derretem a 238 °C e sublimam a 178 °C, em condições normais de temperatura e pressão. É extremamente solúvel em água quente, não tem cheiro e apresenta sabor amargo.



EFEITOS DO CONSUMO DE CAFÉ


Efeito estimulante

O principal componente psicoativo do café é. sem dúvida, a cafeína. Os efeitos comportamentais mais notáveis ocorrem como: melhoria na performance cognitiva e psicomotora, estado de alerta, da energia, aumenta a capacidade de concentração, aumento da capacidade do desempenho de atividades, vigilância auditiva, aumento do tempo de retenção visual e diminuição do cansaço e sonolência.


Melhora da memória

Os benefícios do café podem literalmente fazer você mais inteligente. A cafeína, que é a substância psicoativa mais consumida no mundo. O mecanismo primário da cafeína no cérebro é o de bloquear os efeitos de um neurotransmissor inibitório, chamado adenosina. Ao bloquear os efeitos inibidores da adenosina, a cafeína realmente aumenta o disparo neuronal no cérebro e a libertação de outros neurotransmissores, como a dopamina e norepinefrina. Muitos ensaios clínicos examinaram os efeitos da cafeína no cérebro, o que demonstra que a cafeína pode melhorar o humor, tempo de reação, a memória, a vigilância e a função cognitiva em geral.


Diminui o risco de suicídio e diminui a depressão

Uma pesquisa associou o consumo do café com a redução de cerca de 50% do risco de suicídio em homens e mulheres. Os cientistas envolvidos no projeto são da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos EUA. Foram analisados dados de três grandes pesquisas feitas nos Estados Unidos entre 1988 e 2008. Entre os mais de 200 mil participantes estavam consumidores de bebidas com e sem cafeína. As informações revelaram que as chances de suicídio caem pela metade entre adultos que consomem entre duas e quatro xícaras de café diariamente. Isso acontece porque o café estimula o sistema nervoso central e age como um antidepressivo ao aumentar a produção de neurotransmissores no cérebro, como serotonina, dopamina e noradrenalina. Os pesquisadores acreditam que isso explica as menores taxas de depressão encontradas entre apreciadores do café em estudos anteriores. Apesar de diminuir o risco de suicídio, os cientistas recomendam que adultos deprimidos não tomem mais café, porque quando o consumo da substância é maior do que o habitual pode causar efeitos colaterais.

Uma pesquisa da Harvard School of Public Health (HSPH) concluiu que mulheres que bebem café possuem menos chances de desenvolver a depressão. Segundo o estudo, o índice de manifestação da doença é 20% menor no grupo de mulheres que ingere quatro ou mais xícaras da bebida ao longo do dia. Os pesquisadores estudaram 50 739 mulheres, com idade média de 63 anos. Elas estavam livres da doença quando o estudo começou em 1996.


Controle de doenças degenerativas

A doença de Parkinson é causada por uma degeneração severa dos neurônios dopaminérgicos da substância nigra do cérebro, causando incapacidade de controle voluntário dos movimentos e levando ao tremor, aquinésia (perda do movimento muscular), rigidez e instabilidade postural. De um modo geral, os estudos epidemiológicos sugerem que o consumo de café está inversamente associado ao risco de Doença de Parkinson, especialmente em homens.

Outra doença que pode ser controlada com o consumo de café é a doença de Alzheimer, uma doença degenerativa, que resulta na diminuição progressiva das capacidades cognitivas, por aumento dos níveis cerebrais da proteína beta-amilóide. Alguns estudos epidemiológicos recentes apontam para um papel neuroprotetor do café/cafeína em relação ao desenvolvimento de Alzheimer, independentemente de outros fatores.


Diminuição da Diabetes Tipo II

A diabetes tipo II é uma doença relacionada com a um estilo de vida, que alcançou proporções epidêmicas. Em poucas décadas, aumentou 10 vezes e agora aflige cerca de 300 milhões de pessoas. Esta doença é caracterizada por níveis de glicose no sangue, devido à resistência à insulina ou uma incapacidade para produzir insulina . Em estudos de observação, o café tem sido repetidamente associado com a diminuição do risco de diabetes. A redução no risco varia de 23% até 67%. Um artigo de revisão maciça, conferiu 18 estudos com um total de 457,922 participantes. Cada xícara de café por dia, reduziu o risco de diabetes em 7%. Quanto mais as pessoas bebiam café , menor o risco.


Ação Antioxidante


O café é uma importante fonte de compostos fenólicos não flavonoides que o torna um poderoso antioxidante.

Uma xícara de café pode conter entre 15 a 325 mg de ácido clorogênico e cafeico, que apresentam um elevado poder antioxidante no modelo de oxidação de LDL in vitro, sendo comparado ao poder encontrado para vitamina E, C e betacaroteno.

A proteção LDL - colesterol contra a oxidação não ocorre em função de um único composto [polifenólico e, sim, de um efeito sinergético entre as moléculas dos compostos presentes no café.


Viciante e síndrome de abstinência

Entre os malefícios que o café pode causar é a sua dependência. A Organização Mundia da Saúde destaca pelo menos três manifestações que caracterizam a dependência do café: forte desejo ou compulsão para usar a substância, dificuldade em controlar o seu consumo; abstinência fisiológica; tolerância; abandono progressivo de interesses alternativos; persistência no uso, apesar das consequências prejudiciais.

Apesar do risco de dependência da cafeína ser relativamente baixo, comparativamente com as drogas, a interrupção do consumo de café é responsável pelo aparecimento de sintomas de privação/abstinência em muitos consumidores (dores de cabeça, disforia (ansiedade, depressão, inquietude), sensação de cansaço, fraqueza, sonolência, concentração diminuída, dificuldade em trabalhar, depressão, ansiedade, irritabilidade, tensão muscular aumentada, dores musculares, e mais raramente, tremores, náuseas e vômitos. Curiosamente alguns desses sintomas são associados a um consumo excessivo de cafeína.


Aumento da pressão arterial

Outro malefício que tem sido observado em alguns casos pelo consumo de cafeína (em quantidades médias comparáveis às ingeridas diariamente) provoca uma elevação aguda arterial típica, na ordem dos 5 a 15 mmHg (sistólica) e dos 5 a 10 mmHg (diastólica), podendo esse efeito subsistir durante várias horas. Esses efeitos foram observados principalmente em indivíduos hipertensos, fumantes e/ou sujeitos a situações de estresse psicológico.


DICA!!!

Conservação do café

Tão importante como o cuidado na hora de escolher e comprar café, a boa conservação do produto em casa é fundamental para assegurar uma degustação prazerosa. A razão é simples: o café se deteriora com facilidade e os efeitos decorrentes influenciam diretamente o aroma e o sabor da bebida. A deteriorização pode ser causada por causa do ar (oxigenação), da umidade, do calor, do tempo e aromas de outros produtos.

Para conservá-lo, lembre-se do seguinte:

* O primeiro segredo é adquirir quantidades menores de café, para que seu consumo seja rápido ou em tempo suficiente para evitar sua degradação depois de aberto. Isso porque o contato com o ar provoca sua oxidação. Em pouco tempo, perdem-se os aromas, e o café adquire gosto rançoso.

* Uma vez aberto o pacote, armazene o café em recipientes herméticos no lugar mais frio e seco disponível, preferivelmente na geladeira ou no congelador.

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